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Originalidade no falar

Nada como ouvir alguém falando uma palavra com o “erre” bem puxado, como “porrta”, para ter a atenção atraída para o sotaque falado. Logo a pessoa é remendada pelo o que falou, e dessa simples palavra outras são lembradas: porrta, porrtão, porrteira! E, consequentemente, lembra-se do caipira.

Esse jeito de falar, além de ser uma característica marcante do interior de São Paulo, ainda tem em si uma peculiaridade. Recente pesquisa do Projeto Caipira, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), identificou que o “erre” retroflexo já é falado há mais de 400 anos e é a única “invenção” do dialeto. Os demais traços são herança do português falado no nortede Portugal na época da colonização.

Hoje, esse dialeto está mais presente no interior, mas também já foi muito falado pelo paulistano, que, aliás, começou com ele. A propagação pelo estado

Porteira - abre os caminhos das estradas no interior

foi feita pelos bandeirantes.

Segundo o professor Manoel Mourivaldo Almeida, um dos coordenadores do projeto, quando as bandeiras seguiram a rota do Tietê foram deixando como “rastro” uma cultura própria esua forma de falar, com a pronúncia do “erre”.

Há também pesquisas que apontam o “erre” como uma influência do tupi. A língua dos índios tupinambá teria sido a relação mais óbvia, pois muitos bandeirantes falavam a língua geral, uma mistura de português e tupi. Mas como não há registro no tupi dessa pronuncia, a hipótese é descartada pelos pesquisadores do projeto.

Quando longe de sua terra, a atenção para o caipira ocorre mais pelo seu modo de falar e se restringe no famoso “erre”, mas há muitas outras curiosidades para serem conhecidas sobre essa cultura. Bata uma prosa com um matuto, conheça o que há depois da porteira e apreciará várias histórias e sabedorias desse mundão a fora.

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