No ultimo dia do feriado prolongado em abril, senti que todas as datas comemoradas naqueles dias se encontravam no palco do Sesc Santana. Depois da quinta de Tiradentes, sexta da Paixão e descobrimento do Brasil e domingo de páscoa, Teresa Cristina apresentou rezas do povo brasileiro.
O lugar foi inadequado para essa apresentação, sem espaço para sambar (o show foi em um teatro), a platéia teve que controlar as emoções que fazem os corpos se mexerem quase que sozinhos ao som do batuque. Mas também, a voz da cantora e o som dos instrumentos, muito bem tocados e ensaiados, eram como um convite para destinar toda a atenção à audição para apurar bem cada tom, cada letra cantada.
O repertório foi composto pelas músicas do novo trabalho, chamado “Melhor Assim”. Nele, há composições de Teresa e também de artistas consagrados, como Vinícius de Moraes, Chico Buarque e Paulinho da Viola.
Ao ouvir esse som brasileiríssimo, o nosso próprio coração se envolve com o ritmo e passa a bater acompanhando a percussão. Uma música apresentada no show (esta não está no cd) que conta essa história é a Samba de Benção, de Vinícius:
Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba não
Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração
Além de todo o envolvimento com o samba, as letras empregadas nele também contam nossas histórias e crenças, apresentando a esperança que pulsa em nosso peito. A exemplo da música Morada Divina, composição de Arlindo Cruz e Teresa Cristina:
De todas as pedras do mundo Que eu possa contornar Que das sete quedas da vida Eu saiba levantar Senhora da Mina que manda na cachoeira Peça ao Senhor da Pedreira Que olhe sempre por mim Me traga a paz verdadeira E felicidade sem fim.
Depois de profundas duas horas, mergulhada em boa música, o domingo escureceu, é preciso ir pra casa porque depois de domingo vem segunda-feira.