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Forró da Ilha

Em uma vila conhecida pelo seu sossego, distante há mais de uma hora da costa, cantorias e danças animavam muitas madrugadas de sábado.

Nesse dia da semana, os moradores da Vila do Abraão, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, deixavam os afazerem de lado e encontravam-se para se divertir dançando um forró. Os sons da sanfona, do triângulo e do batuque são os que mais contagiam os moradores, sendo o estilo musical mais apreciado.

O forró da Ilha representava (e ainda representa) muito para o local, além de ser a única agitação da vila, também fez parte de muitas histórias de amor. Quando se fala na noites de sábado, logo se ouve uma história. “Lembro como se fosse hoje. Ouvi a Marli dizer: Estou há dois meses vindo aqui e até hoje nenhum cavalheiro me tirou para dançar. Então eu disse: não seja por isso. Dançamos a noite toda”, conta João Correia. Depois daí, o baile rendeu 18 anos de casados.

As noites de forró eram embaladas por som de CDs de artistas conhecidos no ramo, e também para grupos locais, que encontravam ali um espaço para tocar e cantar.

O tradicional baile rendeu até dois Festivais Nacionais de Forró da Ilha Grande. Nas duas edições, o público apareceu em peso. Apresentaram-se grupos locais e também artistas consagrados, como Elba Ramalho.

Apesar de sua ótima fama, o forró não acontece mais. As noites de sábado agora acabam cedo. A opção que se tem é ir a um dos incontáveis restaurantes ou bares da Ilha, comer alguma coisa, conversar com os amigos e voltar para casa. Mesmo sendo muito charmosos, com preços variados, os restaurantes guardam a calmaria da vila e não atraem os moradores.

O Forró da Ilha foi fechado depois que dois estrangeiros compraram os terrenos adjacentes de onde aconteciam os bailes. Então, eles construíram pousadas e começaram a reclamar do barulho das músicas. Mesmo com a participação de alguns hóspedes das pousadas no forró, as queixas à prefeitura e outros órgãos públicos aconteceram até que as portas do forró se fecharam, impedindo, assim, a manifestação e vivência da cultura local.

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