O cajueiro e a cajuina

Se você plantasse uma árvore, imaginaria até qual tamanho ela pode crescer? E se ela crescesse sem parar?Acho que o seu Luis Inácio de Oliveira, pescador, não tinha pensado nisso. A semente que ele plantou há cerca de 120 anos, hoje é uma árvore que ocupa uma área de 8mil e 500 metros quadrados e produz cerca de 80 mil frutos por ano.

Essa árvore está plantada em solo fértil brasileiro, no município de Pirangi, a 10 km de Natal, no Rio Grande do Norte. É o maior cajueiro do mundo, inclusive registrado pelo Guiness Book. Ele nos impressiona não apenas pelo tamanho, mas pela sua resistência. Os pés de caju costumam crescer para cima, e os galhos não podem tocar o chão, se não morrem. Mas os galhos desse cajueiro tocaram o chão e, por uma anomalia, se ramificaram na terra e criaram raízes, resistindo a todas as pragas que podem ter tentado lhe dizimar.

Conhecer essa árvore, andar entre os seus galhos, é como estar em uma pequena floresta. Mas, na verdade, todos os ramos vêm de um mesmo tronco, firme, bonito, não tão grosso, acho que umas cinco pessoas conseguiriam abraçá-lo, e é ele que proporciona vida a toda aquela “floresta”.

Por toda essa beleza, há força para muito mais, essa árvore continua crescendo um metro e meio por ano, já ultrapassou arames que a cercavam, e chega até a rua. Parece querer proporcionar a toda a cidade seus frutos, suas sombras, sua beleza. Mas não tem muita gente interessada nisso.

O maior cajueiro do mundo não é um patrimônio nacional tombado. Então, ele é podado, seu crescimento é inibido, para não atrapalhar o trânsito local. Os donos das casas de veraneio, localizadas ao redor do cajueiro, não querem perder suas casas para uma árvore (ainda que serão pagos para isso).

O cajueiro constitui importante fonte de desenvolvimento sócio-econômico para a população local. Para conhecê-lo que os turistas vão até a calma cidade de Pirangi. E é motivo de muito orgulho para os moradores.

Segundo pesquisas, o cajueiro tem uma expectativa de vida de pelo menos 80 anos.

Sabor da Fruta

Por toda a representatividade que o cajueiro tem, os moradores de Pirangi produzem a cajuína. Um suco que tem toda a cara do lugar e só pude experimentar lá, as raízes do cajueiro.

Se os sucos de caju que as pessoas costumam me oferecer em São Paulo fossem tão gostosos como a Cajuína, eu deixaria de evitá-los por eles se tornarem um dos meus sucos preferidos. Olha que não tem conservantes, nem adoçantes.

A cajuína é feita de forma artesanal, com técnica indígena. Os produtores espremem bem o caju e colocam o sumo retirado dentro de uma garrafa, e a enterram para fermentação e purificação da bebida, pelo calor.

Eles servem o suco geladinho, só é preciso dar uma mexida na garrafa antes de beber para tirar o caju do fundo. Uma delícia. Como os próprios produtores dizem: “Cajuina que coisa louca! Só sabe quem já bebeu”.

Um sabor que marca o município de Pirangi.

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