Se encontrando…

As 10 horas da noite as luzes já estão apagadas, o silêncio é tão profundo que é possível ouvir o tique-taque do relógio, que se encontra no cômodo ao lado. Qualquer alfinete caindo no chão agora será ouvido.

É assim a rotina no sertão. As pessoas costumam dormir cedo. O sono só chega mais tarde em dias de jogo de futebol, quando a televisão fica ligada até mais tarde para transmitir os lances do time do coração. Para os homens, jogo é como se fosse um grande evento.

E apesar de todas essas características serem do sertão, na minha casa isso tudo também acontece, e ela está localizada no bairro de Santana, Zona Norte da Capital Paulista. O que nos aproxima mais do interior é o fato de moramos em uma rua calma, com árvores, passarinhos, ninhos de sabiá, que por vezes são atacados por um gavião que tenta comer os filhotinhos.

Como costumo dormir depois dos meus pais, quando o silêncio já impera por aqui, ao ir deitar ainda ouço um bem-te-vi cantar (assim, tudo por aqui acaba rimando).

Se chego tarde em casa, por volta das dez, e não é dia de jogo, já não encontro mais ninguém acordado. Mas, há um tempo, algo me surpreendeu: esperava encontrar meu pai se preparando para dormir, quando ele estava super atento assistindo um capítulo do documentário O Povo Brasileiro.

Esse documentário é feito com base no livro de Darcy Ribeiro e conta sobre a formação histórica e cultural do Brasil. Há vários capítulos e quando cheguei com esse dvd no domingo em casa, para chamar a atenção dos meus pais para a novidade que trazia, coloquei no capítulo: O Brasil Caipira. Como eles são do interior (e eu gostaria de ser inteiramente de lá) achei que gostariam.

Pensado e feito! Meus pais foram se identificando, meu pai, em especial, lembrou das casas de taipa que ajudou a construir e não foi apenas um capítulo que assistimos naquele dia, foram dois.

 E na mesma semana, ele procurou novamente o dvd nas gavetas do raque.

 Ao me lembrar desse dvd, deixo aqui como uma ótima sugestão para ser assistido nesse final de semana, em especial o capítulo sobre O Brasil Caipira. Vale a pena conhecer mais sobre a semente cultural que formou essa frondosa árvore Brasil.

Deixe um comentário

Filed under Uncategorized

O interior na capital paulista

Acontece até o próximo final de semana o Revelando São Paulo. Ótima oportunidade de fugir dos restaurantes tradicionais, da pizza paulistana para saborear um arroz de carreteiro, um suco de uva natural, uma paçoca feita no pilão e um café direto da roça.

Esses e outros sabores do interior paulista fazem parte da diversidade cultural brasileira, presente no estado de São Paulo e difundida no evento.

Além da culinária, é possível conhecer também o artesanato, a música, a dança. Há uma programação montada com muitas apresentações. Congadas, Batuques, Folias, Império do Divino, Moçambique, Cavalarias, Fandangos, Bonecões fazem parte da programação.

O lugar onde acontece o Revelando São Paulo, o Parque da Vila Guilherme, é bem amplo, então mesmo com muitas pessoas visitando ninguém fica espremido.

Outra vantagem – muito importante – é o preço. Um prato com arroz de carreteiro, torresmo, lingüiça, couve e feijão tropeiro é 10 reais.

Nessa edição ainda não fui, mas logo irei e compartilharei minha experiência.

Dica: No rancho tropeiro, há uma barraca que o pessoal frita bolinho de chuva na hora e faz um café, vindo direto da roça que é uma delícia. Vale a pena.

Serviço: Parque da Vila Guilherme – Trote
Avenida Nadir Dias de Figueiredo, s/n
09 a 18 de setembro – das 9h às 21 horas.
Programação: revelandosaopaulo.org.br

Deixe um comentário

Filed under Uncategorized

O cajueiro e a cajuina

Se você plantasse uma árvore, imaginaria até qual tamanho ela pode crescer? E se ela crescesse sem parar?Acho que o seu Luis Inácio de Oliveira, pescador, não tinha pensado nisso. A semente que ele plantou há cerca de 120 anos, hoje é uma árvore que ocupa uma área de 8mil e 500 metros quadrados e produz cerca de 80 mil frutos por ano.

Essa árvore está plantada em solo fértil brasileiro, no município de Pirangi, a 10 km de Natal, no Rio Grande do Norte. É o maior cajueiro do mundo, inclusive registrado pelo Guiness Book. Ele nos impressiona não apenas pelo tamanho, mas pela sua resistência. Os pés de caju costumam crescer para cima, e os galhos não podem tocar o chão, se não morrem. Mas os galhos desse cajueiro tocaram o chão e, por uma anomalia, se ramificaram na terra e criaram raízes, resistindo a todas as pragas que podem ter tentado lhe dizimar.

Conhecer essa árvore, andar entre os seus galhos, é como estar em uma pequena floresta. Mas, na verdade, todos os ramos vêm de um mesmo tronco, firme, bonito, não tão grosso, acho que umas cinco pessoas conseguiriam abraçá-lo, e é ele que proporciona vida a toda aquela “floresta”.

Por toda essa beleza, há força para muito mais, essa árvore continua crescendo um metro e meio por ano, já ultrapassou arames que a cercavam, e chega até a rua. Parece querer proporcionar a toda a cidade seus frutos, suas sombras, sua beleza. Mas não tem muita gente interessada nisso.

O maior cajueiro do mundo não é um patrimônio nacional tombado. Então, ele é podado, seu crescimento é inibido, para não atrapalhar o trânsito local. Os donos das casas de veraneio, localizadas ao redor do cajueiro, não querem perder suas casas para uma árvore (ainda que serão pagos para isso).

O cajueiro constitui importante fonte de desenvolvimento sócio-econômico para a população local. Para conhecê-lo que os turistas vão até a calma cidade de Pirangi. E é motivo de muito orgulho para os moradores.

Segundo pesquisas, o cajueiro tem uma expectativa de vida de pelo menos 80 anos.

Sabor da Fruta

Por toda a representatividade que o cajueiro tem, os moradores de Pirangi produzem a cajuína. Um suco que tem toda a cara do lugar e só pude experimentar lá, as raízes do cajueiro.

Se os sucos de caju que as pessoas costumam me oferecer em São Paulo fossem tão gostosos como a Cajuína, eu deixaria de evitá-los por eles se tornarem um dos meus sucos preferidos. Olha que não tem conservantes, nem adoçantes.

A cajuína é feita de forma artesanal, com técnica indígena. Os produtores espremem bem o caju e colocam o sumo retirado dentro de uma garrafa, e a enterram para fermentação e purificação da bebida, pelo calor.

Eles servem o suco geladinho, só é preciso dar uma mexida na garrafa antes de beber para tirar o caju do fundo. Uma delícia. Como os próprios produtores dizem: “Cajuina que coisa louca! Só sabe quem já bebeu”.

Um sabor que marca o município de Pirangi.

Deixe um comentário

Filed under Uncategorized

De estande em estande, uma nova viagem

Cresci visitando meus avós no interior. Acho que vem daí o meu amor pelas viagens. As rodoviárias Tietê e Barra Funda eram muito especiais na minha infância. Delas, eu partia para lugares diferentes, para outros climas, outras comidas, outras histórias, outros cheiros. Só não gostava de reencontrá-las no retorno, perdiam o encanto da partida.

Nessa semana, senti novamente a sensação de estar partindo. Mas, dessa vez, sem as rodoviárias, sem as estradas, nem os aeroportos. Viajei por todo o Brasil em apenas algumas horas. A cada passo uma nova imagem me levava para uma região diferente. A cada conversa um novo sotaque me falava sobre um novo lugar. E entre um estado e outro, um estilo musical ritmava os meus passos ou me fazia parar, envolvida pela melodia, como aconteceu quando fui atraída por uma roda de viola no Mato Grosso. Trouxe comigo algumas lembranças desses lugares.

Fiz toda essa viagem  no Salão do Turismo, que acontece até amanhã (17/07/11) no Parque Anhembi, Zona Norte da capital paulista.
Claro que não foi como estar de fato nesses lugares, mas foi como ter partido de uma das rodoviárias e não estar mais em São Paulo.

Vale a pena dar uma passada por lá. Neste evento, os 26 estados nacionais estão representados por pessoas dos locais, divulgando seus pontos fortes para o turismo, apresentando suas culturas.

Após esse passeio, minha lista de lugares que quero conhecer aumentou ainda mais. Além de ter os pontos tradicionais ressaltados, é possível conversar com as pessoas e ficar sabendo sobre os seus lugares de origem. Há muitas histórias e belezas naturais pelo interior do Brasil. Se vamos apenas a Belo Horizonte é como não conhecer Minas Gerais. Então, para saber sobre diferentes lugares, não só das capitais, o Salão do Turismo é uma boa oportunidade. Além de vários mapas, é possível ver ainda os artesanatos regionais.

Muitos artesãos trouxeram seus trabalhos para vender no evento. Por teremcaracterísticas e materiais verdadeiros das regiões,os artesanatos não são como  os souvenirs padronizados que estamos acostamos a encontrar por ai. Ao visitar o estande de Belém, é possível apreciar e saber mais sobre a arte marajoara, característica de lá. E em Alagoas há diversas peças de filé, uma tecelagem feita pelas mulheres, prática que é passada de geração em geração.

É possível também descobrir formas econômicas de se viajar pelo Brasil. Há diversas empresas empenhadas em dar algum desconto. Lá mesmo você pode comprar a passagem aérea ou garantir o seu lugar no ônibus da Viação Cometa (essa me lembra a minha infância, rumo a São João da Boa Vista).

Ainda que a próxima viagem não esteja tão próxima de acontecer, vale a pena passar algumas horas por lá, conversar e conhecer mais sobre toda a riqueza cultural e natural que o Brasil tem.

Mais um empurrãozinho para quem se interessou em descobrir o Brasil por esse caminho: a entrada é franca, só tem que se cadastrar no site: www.salao.turismo.gov.br

Espero que gostem. Depois, compartilhem suas experiências e boa viagem!

SERVIÇO:
6º Salão do Turismo – 13 a 17 julho/11
Local: Parque Anhembi – Pavilhões Norte/Sul.
Endereço: Avenida Olavo Fontoura, 1209 – Santana
São Paulo – SP – Brasil

Deixe um comentário

Filed under Uncategorized

Dia de São João

“O balão vai subindo, vem caindo a garoa.
O céu é tão lindo e a noite é tão boa.
São João, São João!
Acende a fogueira no meu coração”.

Há muito tempo eu não me lembrava desta música até que resolvi pesquisar sobre o querido São João. A vontade de saber mais surgiu para lembrar, por meio do Semente Cultural, que hoje é comemorado o dia deste santo, um dos mais populares do Brasil e que tem grande importância em nossa cultura.

O dia de São João é celebrado hoje por ser considerado o dia do seu nascimento em 24 de junho. João era filho de Zacarias e Isabel, prima de Maria, Mãe de Jesus. Também chamado de João Batista, foi ele quem preparou o povo para a vinda do Cristo, a quem batizou no rio Jordão.

No catolicismo, ele é considerado o padroeiro da amizade. E é de tradições católicas, de países da Europa, a origem da festa junina, em homenagem a São João. Segundo informações, no princípio, a festa era chamada de Joanina.

Atualmente, as festas juninas louvam São João e outros dois: Santo Antônio e São Pedro, que também têm seus dias celebrados em junho.

Essa festa popular é formada por diversas crendices. Por exemplo, São Pedro é considerado o responsável pela chuva, então os nordestinos aproveitam essas festividades para agradecer pelas chuvas raras na região, que se caracteriza pela seca.

A quadrilha, sempre animada, também é marcada pela crença popular. Nela acontece uma festa pelo casamento dos noivos, uma referência a Santo Antônio, o Santo casamenteiro.

O que também é muito atrativo nas festas juninas são as comidas típicas. Com o mês de junho, vem a vontade de comer pamonha, curau, pipoca… A presença dessas delícias já não está relacionada com a crença, mas com a agricultura. O mês de junho é a época da colheita do milho, então grande parte dos doces e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, paçoca e muito mais.

Apesar de tudo isso ser conhecido, ao conversar com alguém mais velho, ou ao lembrar de nossa própria infância, sempre se ouve falar que antigamente as festas juninas eram bem melhores. Minha mãe diz que uma tia organizada uma festa na rua, toda a vizinhança ajudava, fazendo as guloseimas e enfeitando o lugar para festa. Também me lembro de ir nas férias para o interior, para a pequena cidade de Barão de Antonina, lá meu tio Dito era o responsável por fazer a fogueira, que aumentava a cada ano, e chegou a medir 20 metros.

Mesmo não sendo como antigamente, vale a pena prestigiar essa festa tradicionalíssima em nossa cultura. Por isso, deixo alguns endereços por onde você pode participar de uma festa junina e Viva São João!

1- Festa Junina da Nossa Senhora da Consolação – até 256 (18 às 24h, no sáb; 18 às 23h, no dom)
End.: Rua da Consolação, 585 - Centro
2 - Quermesse do Calvário - Todos os finais de semana até 37 ( 17h30 às 23h)
End.: Rua Cardeal Arcoverde, 950, Pinheiros – Oeste
Obs: R$ 8 reais
3 - Festa Junina no Centro de Tradições Nordestinas
End.: : Avenida Jacofér, 615, Limão – Norte
4 - Festa Junina do Sesc Itaquera – até 26/06 (sábados e domingos, das 9h às 21h)
End.: Avenida Fernando Espírito Santo Alves de Matos, 1000, Itaquera – Leste
Obs: R$ 7 reais
5 - Arraial de Heliópolis - Aos sábados e domingos do mês de junho, das 20h às 05h
End: Rua Paraíba, 76, Heliópolis – Sul
6 - Festa Junina de Santo André - todos os finais de semana de junho (A partir das 19h)
End: Rua Varsóvia, 565, Santo André.

Deixe um comentário

Filed under Uncategorized